Este texto é em resposta ao artigo “Desregulamentar profissões. Todas!” publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em Opinião, Fórum de Leitores de Terça-Feira, 21/07/2009, de autoria de Alexandre Barros, cientista político (acesse: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090721/not_imp405850,0.php).
Observo frequentemente, que ainda há muitas dúvidas quanto à profissão farmacêutica, da mesma maneira que com diversas profissões, algumas delas curiosas. Lembro de que quando criança; uma das minhas incógnitas era sobre a existência das baratas, eu pensava que, se o mundo não as tivesse, nenhuma mulher mais sensível sairia gritando com as mãos para cima, talvez a existência delas fosse justamente para isso, fazer com que os gritos existissem, e fazendo com que homens corajosos viessem atacá-las com chineladas potentes.
Desta forma, ao ler o texto do professor, sobre profissões, questionei realmente, a história das baratas, talvez por desconhecimento da profissão dos outros, esse cientista político não tenha tido a real noção do que estava opinando. Eu também desconheço o que um cientista político faz, mas se eles existem, deve-se ter algum motivo nobre, talvez ajudar o país, ou a região a se compreender melhor e resolver seus conflitos, cultura, educação, transporte, moradia, alimentação e claro, saúde. Então, ao pensar nisso, resolvi emitir a minha opinião e um pouco do que conheço para informar, não apenas ao cientista político, mas ao maior número de pessoas possível.
Saúde é uma das habilidades do profissional farmacêutico, citado no texto, no caso, a farmacêutica responsável da Lilly (produtora do Cialis), então, devo lembrar que para ter o “nome na caixinha”, o farmacêutico tem não apenas que ter a graduação, mas ser responsável em todo o território nacional, sobre a utilização do medicamento, se fosse apenas isso, porém, temos alguns itens que precisariam ser mais bem explicados, então vou fazê-los de forma bastante simples. Para se produzir um medicamento, precisamos de matérias primas, embalagens, equipamentos, pessoal para produzir e garantir que tudo saia exatamente como previsto, como determinado nos milhões de dólares gastos
Possivelmente ele não deve saber que a presença do profissional farmacêutico serve para regulamentar e também para servir de apoio técnico para que erros contra a saúde coletiva não ocorram. Apenas para citar temos as análises de controle de qualidade, tanto físico-química que garantem que as matérias primas não sejam adulteradas, não foram falsificadas e está de acordo com o especificado, podendo ser utilizadas para se produzir o medicamento, quanto microbiológico que garantem que estas matérias primas não contenham microorganismos (patogênicos ou não) podendo fazer com que a pessoa que os consuma não adoeça, além do processo produtivo que precisa ser de acordo com a realidade climática, assim como temos o controle de qualidade no produto em processo que garante que esta tudo bem durante a fabricação, fazendo com que os erros sejam cada vez menores e do produto terminado o qual, entre todos os testes, garante que um lote seja semelhante ao outro, e faz com que a pessoa que utilize o produto tenha sua ação no tempo ideal, sem riscos à saúde. Além disso, todas essas informações são processadas e avaliadas, e para isso, precisam de profissionais que entendam profundamente todos os papeis gerados durante a fabricação. Assim, pode-se comprar e utilizar o produto, obtendo o efeito no tempo e na intensidade esperada, sem riscos de falsificações, afinal de contas, esses profissionais, caso estejam agindo de forma incorreta, podem perder o direito de atuar como farmacêutico.
Agora, quando se fala na comercialização de um produto medicamentoso, entra-se com o farmacêutico que atua em drogaria, que diferentemente do que citado, a “entrega da caixinha”, se dá pelo balconista, mas dentre as tantas funções do farmacêutico, temos a assistência farmacêutica e a atenção farmacêutica, como primordiais, apenas para citar o caso do Cialis, com a atuação do farmacêutico, pode-se evitar o seu uso indevido, tanto por pessoa que não tenham condição física para o desempenho sexual, como para jovem que o adquirem apenas, única e exclusivamente para “garantir um bom desempenho sexual”, que neste caso, pode ocorrer o priapismo (ereção dolorosa e persistente podendo levar a impotência sexual definitiva, e também pode levar a amputação do pênis). Acredito que talvez isso não gere uma oportunidade ou risco político saber dessas informações.
Creio não ser necessário falar de todas as áreas que o profissional farmacêutico pode atuar, este, frente a sua formação básica e aos diversos cursos de extensão e de pós-graduação, se põe apto a atuar, nas áreas da medicina complementar (e não atuação da medicina deixa bem claro), e não “tratamentos alternativos” como citado no texto do Dr. Alexandre, pois induz ao erro, e a terminologia não deve mais ser utilizada.
Porém, o que eu acredito ser necessário, é uma avaliação profunda, não apenas dos interesses de um ou outro grupo, como citado pelo Dr. Alexandre Barros, “Há no Congresso brasileiro 169 projetos de regulamentação de profissões.” E também há o Projeto de Lei (PL) apresentado pelo Deputado Federal Mauro Nazif (PSB-RO) no dia 04.06.09, à Mesa da Câmara, que institui o piso salarial nacional para os farmacêuticos, quaisquer que sejam as suas atividades e segmentos de atuação. O piso fixado na matéria é equivalente a dez salários mínimos, ou seja, R$ 4.650,00, em valores de maio de 2009, cuja elaboração contou com a participação do Conselho Federal de Farmácia (CFF). E talvez, a participação do cientista político que é professor da disciplina “Sociedade Civil e Relações Internacionais” da UNIEURO, que fica no Distrito Federal e que também tem o curso de Farmácia com uma mensalidade de base de R$1.075,38, mas também é Membro do Conselho de Administração do Laboratório Teuto (Indústria Farmacêutica).
Posso ousar em imaginar que alguns dos problemas de saúde em nosso país, como o destino de verbas talvez venha justamente por esse tipo de pensamento político, muitas vezes fundamentados em apenas um dos lados da moeda, ou por interesses que podemos apenas tê-los
Cristiano Ricardo, farmacêutico, engenheiro de cosméticos, é professor do ensino superior no curso de farmácia.
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